Flandres – A Grande guerra 1914-1918 e os locais de memória.

Foi este o motivo que nos levou à Flandres, mas que foi largamente ultrapassado perante o que vimos e vivemos. Éramos um grupo muito bem disposto e divertido, cheio de vontade de conhecer uma região riquíssima em termos paisagísticos e de património cultural. Começámos na mata de Compiègne, local carregado de simbologia. Visitámos o museu e pudemos ver uma recriação do célebre vagão onde foi assinado o Armistício, em 28 de novembro de 1918. Após o almoço fizemos paragem em Péronne para visitar o Historial da Grande Guerra. Instalado no ango castelo medieval da cidade, este museu é lugar obrigatório para os interessados na Primeira Guerra Mundial, pois reúne um acervo único de objetos civis e militares.

Continuando a nossa viagem, chegámos a Amiens, “a pequena Veneza”, cidade cheia de encanto com as suas casas coloridas, os inúmeros canais e ruas históricas. Ficámos atónitos perante o esplendor da sua catedral, Notre Dame de Amiens, património mundial da UNESCO e uma das maiores catedrais góticas da França. Pudemos assistir à noite a um magnífico espetáculo multimédia, que projetava luz e cor na fachada principal. Digno de ser visto!

O romancista escocês John Buchan descreveu numa das suas obras, a Catedral de Amiens como “A mais nobre Igreja que a mão humana pôde construir”. No dia seguinte, depois do passeio panorâmico à cidade, seguimos para Albert onde visitámos o Museu Somme. Inúmeras imagens e figuras recriam com bastante realismo a vida nas trincheiras, além de objetos e armas reais, encontradas nas redondezas.

Prosseguimos para Lens para a necrópole nacional de Nossa Senhora de Lorete. O local compreende o cemitério (militar e memorial com mais de 40.000 sepulturas individuais), a basílica (em estilo romano-bizantino tem as paredes interiores revestidas por placas em memória dos soldados), a torre lanterna (que se ilumina durante a noite para guiar as almas dos mortos para o Paraíso) e o museu (construção em betão preto e vidro, que reúne objetos emblemáticos, filmes da época, fotografias, que nos permitem entender toda a amplitude do conflito que foi a Grande Guerra).

Por ocasião do centenário da Grande Guerra em 2014, foi inaugurado o Anel da Memória, construído por placas metálicas onde se inscreveram os nomes de mais de meio milhão de soldados. Aqui pudemos ver muitos nomes portugueses de soldados mortos nos combates. No final da tarde continuámos para Lille, já perto da fronteira com a Bélgica. A cidade foi ocupada pelos alemães durante a Primeira Guerra Mundial, de outubro de 1914 a outubro de 1918. Lille é uma cidade universitária cheia de animação e gente nas ruas. De destacar Vieux Lille, o centro histórico, caracterizado pelas casas de jolo do século XVII e pela grande praça central, a Grand Place onde, entre os inúmeros cafés e bonitos edifícios sendo digno de nota a anga Bolsa de Valores.

Deixámos a cidade para trás e fomos em direção a La Couture onde, durante a batalha de La Lys perderam a vida cerca de 2000 soldados portugueses, sepultados no Cemitério Militar Português de Richebourg. Em honra dos soldados que resistiram em 9 de abril de 1918, foi erguido um monumento comemorativo. É uma fabulosa escultura do ” nosso ” escultor gaiense Teixeira Lopes, que representa uma alegoria da Pátria portuguesa vindo em auxílio de um dos seus soldados, que ataca, com a coronha da espingarda, o esqueleto da morte, numa paisagem de desolação e ruínas.

Dissemos adeus a este local de memória e entrámos na Bélgica. Fizemos uma primeira e breve paragem em Ypres, cidade que foi completamente destruída durante a Primeira Guerra Mundial. Depois do fim da guerra as casas, monumentos e edifícios históricos foram reconstruídos, alguns exatamente como eram antes. É o caso de Cloth Hall e da catedral de S. Martinho localizadas na Praça do Mercado, no centro histórico da cidade.

Prosseguimos viagem em direção a Bruges, uma das cidades medievais mais bem conservadas da Europa. Passeámos pela cidade e pudemos admirar o Lago do Amor, a igreja de Nossa Senhora, a Torre Belfort, o Burg, Grote Markt, a Prefeitura. Graças a esta impressionante coleção de arquitetura, canais e arte, Bruges é dona de uma beleza única e justifica a classificação pela UNESCO como Património da Humanidade.

Despedimo-nos desta “joia” belga e rumámos a Gante, outra bela cidade medieval, onde passámos algumas horas. Se Bruges é um museu a céu aberto, de Gante podemos dizer que é uma cidade universitária cheia de vida; uma espécie de centro cultural da Flandres. Dignos de admiração são a igreja de S. Nicolau, o edicio Belfort e a catedral gótica.

Partimos de Gante ao fim da tarde, rumo á nossa última paragem, Bruxelas, a famosa capital da Bélgica e da União Europeia. A cidade é bastante agradável, repleta de arte, história e com muitas atracões turísticas. É mundialmente conhecida como a terra do Tinn e dos Smurfs. Basta passear pelas ruas para admirar várias paredes e muros pintados com estas personagens! Andámos vários quilómetros a pé… A Grand Place foi um dos primeiros locais que visitámos, a principal atração turística de Bruxelas,.A praça é realmente imponente e possui um magnífico conjunto de edifícios. Um local bastante movimentado e cheio de encanto que conquista toda a gente. Manneken Pis (o menino a fazer xixi), a famosa escultura de bronze e símbolo da cidade. Como curiosidade, a estátua está muitas vezes vestida, e possui um “guarda-roupa” com mais de 600 peças. Quando a vimos vestia um uniforme canadiano. Conhecemos a Bolsa de Bruxelas, as Galerias Saint Hubert, a primeira galeria comercial da Europa coberta por uma fantástica cúpula de vidro. Aí se vendem os mais deliciosos chocolates belgas. Vale a pena passar por lá! Vimos o Atomium por fora, pois o tempo já era escasso para fazer a visita. Foi construído em 1958 para a exposição universal de Bruxelas. Trata-se de um conjunto de nove esferas metálicas interligadas e em cada uma delas há atrações e exposições. Adorámos! Como reflexão final dizemos que foram dias de ótimo convívio entre todos. Os hotéis muito agradáveis e boa comida.

A extraordinária beleza das cidades, das construções históricas, das paisagens. Aconteceram peripécias engraçadíssimas que entram para a História! Tudo para que esta viagem fique para sempre na nossa memória.

Filomena Geirinhas